O Porto tem dezenas de igrejas espalhadas pela cidade, mas há duas que à primeira vista parecem uma só… A igreja da esquerda chama-se Igreja dos Carmelitas e a da direita é a Igreja do Carmo. Neste artigo, vamos contar-te as suas histórias e o que separa as famosas Igreja do Carmo e Igreja dos Carmelitas do Porto, que em conjunto foram classificadas como Monumento Nacional em 2013.

Este é mais um dos artigos que podes encontrar na nossa secção de “História e Monumentos do Porto”. Aqui contamos-te em pormenor a história dos monumentos e a vida das principais figuras que marcaram a cidade.

 

Igreja dos Carmelitas

A Igreja dos Carmelitas, ou Igreja dos Frades Carmelitas Descalços, é a mais antiga das duas igrejas, tendo sido concluída em 1628. De estilo barroco, o seu projeto é frequentemente atribuído a Nicolau Nasoni, conhecido pela construção da Igreja e Torre dos Clérigos, mas esta atribuição é incorreta, porque Nasoni apenas nasceu em 1691….

Quanto à estrutura da igreja, a fachada é feita de granito e apresenta três entradas com arcos de volta perfeita, cada uma com um nicho que contém as imagens de São José, Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa de Jesus. Há uma torre sineira à esquerda, cujo topo é revestido de azulejos azuis e brancos.

Além de ser um lugar de culto na cidade, a igreja foi também utilizada como quartel durante as Invasões Francesas ao Porto (1808-1814).

Igreja do Carmo

A Igreja do Carmo, oficialmente conhecida como Igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, foi construída entre 1756 e 1768, e é um dos exemplares mais notáveis do estilo rococó no Porto. Projetada por José Figueiredo Seixas, a igreja possui uma fachada lateral adornada com um impressionante painel de azulejos, que foi adicionado em 1912, 144 anos após a construção original.

Os azulejos, produzidos em Vila Nova de Gaia e desenhados pelo artista Silvestro Silvestri, retratam cenas da fundação da Ordem dos Carmelitas e do Monte Carmelo. A fachada principal é ricamente detalhada, com um portal retangular ladeado por esculturas dos profetas Elias e Eliseu, figuras emblemáticas da Ordem.

No interior, destaca-se a talha dourada das capelas laterais e do altar-mor, bem como a estatuária intricada. A igreja tem uma nave única com sete altares luxuosamente dourados, obra do escultor Francisco Pereira, além de várias pinturas a óleo de grande qualidade.

 

Casa Escondida

Apenas recentemente descoberta pela maioria dos portuenses, a casa de 3 andares e cerca de 1 metro de largura entre as duas igrejas foi, segundo a lenda, construída para que estas não partilhassem uma parede comum, evitando assim qualquer contato entre as freiras da Igreja dos Carmelitas e os monges da Igreja do Carmo.

Outra razão para a sua construção, provavelmente mais próxima da verdade, é que o edifício foi erguido por motivos puramente estéticos, para evitar um espaço vazio entre as duas igrejas.

Serviu de residência para capelães, acolheu os artistas que trabalharam na decoração interior e exterior das igrejas, bem como os médicos que serviam no hospital da Igreja do Carmo. Além deste propósito, também foi utilizada como local de encontro para várias reuniões secretas durante a invasão francesa e a Guerra Civil Portuguesa (1832-1833).

Como chegar e visitar as Igrejas e a Casa Escondida

Igreja do Carmo e Igreja dos Carmelitas estão localizadas perto de outros pontos de interesse da cidade, como a Torre dos Clérigos ou a Livraria Lello. Tem como estação de metro mais próxima, a estação dos Aliados, linha D.

Se quiseres visitar o interior da Igreja do Carmo ou Casa Escondida, é possível por apenas 3,5 euros (preços de 2024). Realiza-se através da Casa Escondida uma visita à Casa, Igreja do Carmo, Catacumbas, Salão Nobre, Sala dos Paramentos e Sacristia. Parte da receita do bilhete é destinada ao restauro dos bens patrimoniais da Ordem. Já a visita à igreja das Carmelitas é grátis.

Dado curioso: a casa apesar de ser pequena, era minimamente confortável, principalmente para os padrões da época.

 

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